No espetáculo, a água assume o papel de protagonista e guia uma performance corporal negra que emerge de profundas pesquisas sobre danças populares e de matriz africana. Por meio do corpo – este que já carrega em si uma história ancestral – os intérpretes revelam narrativas de identidade, memória e pertencimento. Em cena, personagens atravessam o tempo, mesclando o passado e o presente, enquanto marcas ancestrais ecoam para lançar luz sobre o futuro, em um movimento de Sankofa: um retorno ao passado para ressignificar o amanhã. Inspirados pela força da água, exploramos o que nossos ancestrais poderiam expressar corporalmente se pudessem falar – aqueles foram forçados a atravessar o Atlântico ou que resistiram. Assim, dançamos para os que vieram antes de nós, permitindo que suas histórias fluam em cada movimento, como uma maré que traz ao palco as memórias e os sonhos de quem viveu, sobreviveu e se recriou.